quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"A sociedade paraguaia não está a favor dos indígenas"

Foto: Dom Felipe entrega o prêmio a Bartolomeu Meliá (EFE-El.País.com)


O jesuíta espanhol Bartomeu Meliá, defensor da língua guarani e dos direitos indígenas no Paraguai, recebeu o prêmio Bartolomeu de las Casas 2011



O sacerdote jesuíta espanhol recebeu ontem o Prêmio Bartolomeu de las Casas em reconhecimento por seu profundo estudo da língua guarani e sua férrea defesa dos indígenas do Paraguai. Uma causa que abraçou nos anos cinquenta, razão que levou a sua expulsão do país em 1977 e pelo que retornou quando da queda do regime ditatorial de Alfredo Stroessner.

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Saiba quem foi Bartolomeu de Las Casas (1474, Sevilha a 1566, Madri)

Bartolomeu de Las Casas nasceu em Sevilha (Espanha). Estudou Direito na Universidade de Salamanca, onde os Dominicanos estavam travando uma luta no campo da moral que surgiu com a conquista do Novo Mundo. Ambivalente quanto a essas questões morais, em 1502, Las Casas aventurou-se na ilha Hispaniola (atualmente República Dominicana e Haiti), conseguiu uma fazenda e tomou para si alguns nativos americanos como escravos. Oito anos mais tarde, a Ordem Dominicana dos Pregadores chegou em Hispaniola, condenando todo o sistema de escravidão como tirânico e mau. Essa pregação afetou profundamente Las Casas. Depois de um período de orações e reflexões ele tornou-se padre e foi o primeiro a celebrar a missa em Hispaniola.


Ele foi nomeado capelão da Armada Espanhola durante a invasão de Cuba. Testemunhou, em primeira mão, o horrível massacre dos povos nativos. Las Casas retornou à Espanha no ano seguinte para apresentar o pleito pedindo ao Conselho das Índias e ao rei Fernando de Aragão, o fim dessas atrocidades contra os povos nativos. O rei concedeu a Las Casas o título de “protetor dos índios” e outorgou inúmeras leis que pretendiam, de forma ostensiva, remediar a situação. No entanto, depois de menos de um ano e outra viagem de volta à Espanha, Las Casas percebeu que o rei não pretendia forçar os colonizadores a obedecer às leis recém-promulgadas. Determinado a continuar em sua demanda pela liberdade dos nativos americanos, Las Casas voltou a Hispaniola, libertou seus próprios escravos, e ingressou na Ordem Dominicana em 1522. Dedicou oito anos de sua vida em oração, reflexão e escritos. Por volta de 1544, foi indicado para Bispo da província mexicana de Chiapas. Todavia, os proprietários de terras locais se opunham à mensagem de liberdade, o que fez com que renunciasse ao bispado e retornasse à espanha em 1547. Viveu no convento de Nossa Senhora de Athocha em Madri até sua morte em 1566. Durante esse período, ele raramente falava com alguém, e se concentrava nos seus escritos. Aos noventa anos escreveu a última defesa à liberdade dos nativos americanos baseada na sua compreensão de direito de propriedade pessoal.
Sem temor da oposição de todos ao longo de sua vida, o intrépido libertador cruzou o Atlântico quatorze vezes para tentar persuadir a monarquia espanhola a decretar e aplicar leis humanitárias que pudessem levar a uma civilização pacífica e à conversão dos nativos. Mesmo assim ele nunca viu o fruto de seu trabalho amadurecer completamente.

Um parênteses aqui: A situação dos povos nativos de Chiapas não mudou muito nesses quase 500 anos. Com a palavra o Movimento Zapatista.

Adaptado de www.acton.org
Image from an 1876 mural by Constantine Brumidi, courtesy of the Architect of the Capitol Site

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