sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Artigo de opinião: Eu quero um médico “cubano”

Por Julio Dorneles*
Toda essa suposta polêmica em torno do programa Mais Médicos do Governo Federal seria até motivo de piada, não fosse ele tão sério e relevante. Eu estava pensando em tudo o que aprendi ao longo desses anos sobre administração e saúde pública, e cheguei a uma conclusão: eu quero e eu apoio, eu quero um médico “cubano”.
Eu quero um médico “cubano”, ainda que ele seja um “cubano” nascido ali em Faxinal do Soturno ou em Uruguaiana. Pode ser um médico “cubano” nascido em Carlos Barbosa ou Iraí, ou ainda em Sapucaia do Sul ou Passa Sete. Você sabe o que é um médico cubano (cubano entre aspas)? O médico cubano é o médico que não existe no sistema de formação de médicos brasileiros. O médico aqui, de uns 30 anos para cá, é formado para trabalhar em consultório particular e, quando no setor público, somente em ambiente hospitalar de alta complexidade, com toda a retaguarda de laboratórios, medicamentos e equipamentos sofisticados de diagnósticos. Estrutura essa, aliás, que país nenhum do mundo tem condições de colocar em todas as cidades, nem teria por quê. Isso seria impossível para a Suíça, que é minúscula em território, imagina-se para o Brasil, que é continental.
Não precisamos de mais médicos que trocam o órgão a ser operado na hora da cirurgia porque sequer olham para o paciente que estão operando. Médicos que de tão especializados não distinguem um fígado de um estômago.  Esses jamais seriam aprovados num exame da “ordem médica”, se este existisse. Precisamos de médicos da família (da criança ao idoso). Médicos clínico-gerais que possam atender 90% dos casos e bem encaminhar os outros 10% para os especialistas.
Esse tipo de médico “cubano” o sindicato não quer. É melhor continuarmos, na visão de alguns, com o médico que temos.  Médico que sirva para, antes mesmo de qualquer anamnese do paciente, sair preenchendo formulários para a realização de uma ou duas dezenas de exames inúteis ao diagnóstico, e, em seguida, prescreva os medicamentos que só fazem bem à riqueza de laboratórios. Por isso mesmo eu repito: quero um médico cubano.  Um como o meu médico brasileiro aqui de Esteio (RS), que é um verdadeiro médico cubano sim, ainda que nascido em terras brasileiras. Um médico que me conhece, que me escuta, que me examina e que só me encaminha para exames e medicamentos quando realmente não há outra coisa a ser feita. O grande Dr. Adib Jatene já disse: “Não é só o salário, é a formação também”.
Alguém disse outro dia: “Esse programa é um fracasso!”. Mas ora, ele está só começando. Há uma preocupação legítima em colocar médicos na atenção básica, não na alta complexidade. É um programa aberto, que está sendo construído por muitos e será gradativamente melhorado com as contribuições de todos. 

* Julio Dorneles é consultor, especialista em administração pública, foi coordenador-geral da Famurs.

2 comentários:

Anônimo disse...

... e você?
Es um teólogo 'cubano' que tem um sacerdócio humanitário, generalista e que atua junto ao seu 'rebanho'...

Ou um burocrata bem remunerado e 'capitalizado' de vida 'burguesa' e que só 'preenche' papéis e formulários para a 'INDUSTRIA' DA IDEOLOGIA INVEJOSA E MESQUINHA DO TEU partido...?

Lave a boca para quem cuida/cuidou e atende esses 200 milhoes e TODOS os Brasileiros com dedicação ética, excelência e HONESTIDADE ao longo de SEMPRE !

NUNCA APAGARÃO ISSO COM MENTIRAS e 'CUBANOS'.

Anônimo disse...

Temos que estatizar toda a saude acabar com todos planos de saude unimeds golden cross amil saude bradesco centro clinico gaucho doctor clean ipergs e muiitos outros estatizar todos os hospitais privados sirio libanes,mae de deus moinhos de vento todos hospitais privados estatizar tudo ja saude para todos igualdade para todos ricos e pobres

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