domingo, 19 de agosto de 2007

Leitura para uma tarde e uma noite

Vou sugerir aos leitores do blog um livro perturbador. Trata-se de
  • "A Fábrica do Terrorismo: um livro incorreto para o uso de grandes pessoas", de François de Bernard, com tradução por Antonio Sidekum, e publicado pela Editora Nova Harmonia (São Leopoldo/RS-Brasil, 2006, com 88 p.). O livro pode ser lido em uma tarde e uma noite (o difícil será dormir depois de lê-lo!).

Depois da leitura fica-se tomado por uma absoluta convicção de que realmente nada sabemos sobre esse fenômeno genericamente chamado de terrorismo. Mesmo nós que estudamos História, Filosofia, Teologia, Ciências Políticas entre outras e que temos uma certa memória sobre os adjetivos atribuídos aos anarquistas, niilistas, comunistas e outros ao longo do século 19, muito pouco nos apropriamos do que são e das complexas conexões e desconexões entre o IRA, o ETA, a Al Qeda... e as práticas terroristas dos Estados (governos) e Impérios do passado e do presente (especialmente nos exemplos históricos do Império Colonial Britânico, ao longo de todo o século 19 até a independência da Índia e das colônias africanas, por exemplo, e no atual "império" estadunidense que atualmente ocupa militarmente com ou sem mandado da ONU o Iraque, o Afeganistão, após ter treinado o grupo de Osama Bin Laden para "libertar" a pátria afegã do imperialismo soviético).

Dois trechos da obra: "[...] do ponto de vista das oligarquias e dos déspotas 'democráticos' que manejam o terrorismo do estado como uma simples trolha, a incompreensão é um benfeitor sem comparação. Ela é uma condição da consolidação e da perenidade mesma de seu regime, e ela constitui igualmente a garantia de poder seguir suas atividades criminais em pleno dia sem risco de ver-se julgado segundo a lei comum. [...] p. 18-19 "[...] poder-se-ia pedir emprestado os meios do terrorismo sem adotar simultaneamente os fins (querendo ou não?) Podem-se usar armas, estratégias, táticas correspondentes a um projeto político de natureza criminal, pretendendo ficar 'do lado da democracia', como esta utilização não devesse necessariamente corromper toda ação subseqüente de quem dela tem recorrido?"

Sobre o autor:
François de Bernard é presidente do Groupe d´études et de recherches sur les mondialisations - GERM (Grupo de estudos e de pesquisas sobre as mundializações). Professor associado de filosofia na Universidade de Paris VIII Saint-Denis. Entre diversas obras é autor de "O Governo da Pobreza (também publicado no Brasil pela Editora Nova Harmonia, em 2004). Consultor de finanças públicas e privadas (atuando em empresas e governos), no domínio cultural, da diversidade cultural, para empresas e instituições internacionais. Participante e conferencista no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, nas edições 2002 e 2003.e-mail: fdb@mondialisations.orghome: http://www.mondialisations.org

Comentário final: "Vale a pena perder o sono!"

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