sexta-feira, 13 de junho de 2008

Artigo de opinião

Nosso Parque Imperatriz*

Quanto ao Parque Natural Municipal Imperatriz Leopoldina, antes de tudo, é importante frisar que ele é uma realidade socioambiental extremamente positiva e consolidada no cenário de São Leopoldo e, por que não dizer, do Vale do Rio dos Sinos, da Região Metropolitana de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. Isto por muitas razões que aqui não podem ser esgotadas, mas especialmente por ser um Parque Natural que surgiu em uma área de extrema degradação não somente do meio ambiente, mas das relações humanas que ali se davam sobre 1.200 toneladas de lixo.

Portanto, deixemos bem claro: o Parque Imperatriz não é uma obra que tenha aterrado um banhado, antes, surgiu a partir da retirada das famílias que ali viviam irregularmente, da remoção das já referidas 1.200 toneladas de lixo, da remoção de uma camada extra de 40 cm de solo e da cessação da geração de esgoto in natura (que contaminava diretamente a área e o Rio dos Sinos). Ou seja, não se trata de aterramento de área alagadiça mas de recuperação de área degrada.

Além disso, também não pode restar qualquer dúvida sobre a legalidade e a legitimidade do Parque Imperatriz que atende a todas as exigências legais para equipamentos públicos desta natureza. O que muitas vezes pode ser incompreensível para o senso comum, ou melhor, não seja visível, é o fato de o Parque Imperatriz Leopoldina ser composto de duas áreas distintas e igualmente importantes: primeira – a ÁREA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO, composta por 1.517.968,45 m², a saber, mais de 150 hectares de área; e a segunda – a ÁREA DE LAZER de 86.708,14 m², ou seja, aproximadamente 8,7 hectares de área, sendo que hoje, efetivamente, somente a metade desta área é utilizada para lazer. Disto, resta concluído que a área de conservação é muitas vezes superior à área de lazer no Parque Imperatriz Leopoldina. Todavia, ambas são áreas recuperadas e atualmente preservadas por ações de inclusão social (PAS, FIP), educação ambiental (Projeto Ipê Amarelo) e outras ações de mitigação e compensação ambiental (como, por exemplo, o Viveiro Municipal) que beneficiam a cidade de São Leopoldo e a região como um todo.

Quanto à área de lazer do Parque ser eventualmente alagada é, por si só, a prova cabal de que a área não foi aterrada e sim recuperada. Sempre se soube que a área é alagadiça, assim o Parque foi planejado respeitando esta condição. O que é absolutamente irrelevante, isto sim, é a interrupção por alguns dias nas atividades de lazer no Parque diante da magnitude de seu uso por milhares de pessoas ao longo da maioria dos dias do ano.

A imagem consolidada do Parque Imperatriz é a das famílias que hoje têm um espaço de lazer e convivência em harmonia com o meio ambiente e aquela gravada na consciência das crianças que ali conviviam com ratos e lixo, mas hoje vivem em moradias dignas e encontram no Parque um lugar de sonhos e não de pesadelos.


* Julio Dorneles, publicado no jornal VS, em 13/06/2008.

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