*Julio Dorneles
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que comprará as dívidas espanhola e italiana a fim de evitar a "segunda-feira negra" esperada para amanhã, dia 08 de agosto. Embora não tenha esclarecido que títulos das dívidas ou que partes das dívidas pretende comprar. De toda forma, o simples anúncio da medida pelo BCE expressa a preocupação da autoridade monetária europeia em tentar equilibrar a economia da zona do Euro. As recentes crises financeiras recorrentes que atingiram diversas nações europeias expuseram a fragilidade das medidas econômicas adotadas nos últimos anos na Europa e que foram incapazes de equilibrar as contas e possibilitar a retomada de um crescimento econômico sustentável no velho continente.
A crise financeira das nações europeias é gritante ao olharmos para a relação dívida/PIB. Aliás, na semana passada, os EUA ingressaram nesse “seleto clube” de endividados que tem suas dívidas públicas superiores a seus PIB’s. Mesmo assim, as agências de avaliação e classificação de riscos das dívidas seguem mantendo boas “notas” para essas “ricas nações endividadas”.
Vejamos a relação de algumas das principais nações endividadas (relação dívida pública/PIB):
País Dívida Pública/PIB US$ trilhões
Japão 229% 13,93
Grécia 152% 0,487
Itália 120% 2,7
Irlanda 114% 0,25
Estados Unidos 100% 15,15
Bélgica 97% 0,50
Portugal 91% 0,22
França 88% 2,48
Canadá 84% 1,47
Grã-Bretanha 83% 2,06
Alemanha 80% 2,90
Fonte: Standard and Poor’s (S&P)
E nosso Brasil que tem aproximadamente de 55% de seu PIB comprometido com a dívida pública assiste todos os dias os neocolonizados comentaristas econômicos criticarem o alto nível de comprometimento de nosso PIB com a dívida pública. Realmente, eles têm toda razão, posto que o comprometimento seja alto e minimiza a capacidade de investimento em infraestrutura ou mesmo qualquer aporte significativo em saúde e educação. Mas o que esses neocolonizados têm a dizer sobre os países europeus e os Estados Unidos?
Curiosamente, são essas mesmas nações que lideram a coalisão que promove mais uma guerra pelo controle de petróleo, desta vez contra a Líbia. As mesmas nações que promoveram a invasão do Iraque (que não tinha qualquer arma de destruição em massa) e que ocuparam o Afeganistão, a fim de caçar um antigo aliado treinado pela CIA. Esse é o nosso velho mundo.
*Julio Dorneles é professor, especialista em administração pública e diretor executivo do Pró-Sinos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário