sábado, 26 de novembro de 2011

115 anos de Roessler e a repetição de uma tragédia

*Julio Dorneles (diretor executivo do Consórcio Pró-Sinos)

Nesse mês de dezembro de 2011 deveríamos estar comemorando os 115 anos do patrono da ecologia brasileira: Henrique Luiz Roessler (Porto Alegre, 16/11/1896). Foi em São Leopoldo e no Vale dos Sinos que Roessler passou praticamente a totalidade de sua vida e aqui assentou sua luta em defesa da natureza. Em 1955, Roessler fundou a primeira entidade ambientalista do Brasil, a União Protetora da Natureza (UPN). Foi delegado ambiental e cronista atuante em defesa dos recursos naturais e das matas da região. Pode-se tranquilamente ver em Roessler um gigante da educação ambiental décadas antes dessa ter qualquer relevância na legislação pátria e no ensino público. Roessler parecia, segundo seus poucos contemporâneos ainda vivos, uma enorme sensibilidade para perceber e “ensinar” acerca da fragilidade de nossos ecossistemas diante das agressões crescentes da presença humana na região, com dramáticos impactos associados às variações climáticas e à hidrodinâmica do Rio dos Sinos.

Nosso Rio dos Sinos vive alternadamente em cada ano sequência de períodos de chuva em maior volume com períodos de baixo índice pluviométrico. Além disso, historicamente, convive-se com anos com ocorrências de cheias e, ciclicamente, anos de fortes estiagens ou mesmo secas. Um conjunto de impactos promovidos pela ação humana: cargas químicas, cargas de esgotos domésticos, volumosa captação de água para cultivo de arroz e uso industrial, e tantos outros, se agregam ao fenômeno La Niña que provoca a redução das chuvas em nossa região. Nesta segunda-feira passada, dia 21, percebemos o surgimento na superfície do Sinos de uma pequena, mas preocupante quantidade de peixes mortos. Dramática situação diante do contexto. Terrível momento, pois um número extraordinário de peixes está subindo o Sinos para a reprodução (assim como estavam em outubro de 2006).

Roessler faleceu no mês de seu nascimento (novembro), em 14/11 de 1963, e nós estamos em 2011 sendo “mortificados” por agressões injustificáveis frente aos impactos das mudanças climáticas que estão a acentuar os riscos ambientais na Bacia do Sinos nesse período emergencial que vai até abril do próximo ano.

Que Roessler nos inspire!



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