sexta-feira, 19 de junho de 2015

Desenvolvimento humano x concentração - terceira e última parte

Desenvolvimento humano x concentração – Parte III Por Julio Dorneles* Os índices existentes para mensurar o desenvolvimento humano são importantes mas limitados, como bem adverte o professor Luis Roque Klering (EA/UFRGS). Aliás, é importante frisar, Klering é uma das maiores referências nesse tema. Quando da minha especialização em administração pública, sendo Klering meu orientador, pude perceber a importância de acompanharmos a evolução dos indicadores socioeconômicos, especialmente porque eles podem fornecer informações relevantes sobre o desempenho de políticas públicas para os municípios. Não tenho dúvidas, por exemplo, que houve uma expressiva melhora dos índices apresentados pelos municípios brasileiros pós anos 90. Em 1991 apenas 1% dos municípios brasileiros apresentavam a classificação com Índice de Desenvolvimento Humanos (IDH) “alto”, já em 2010 essa classificação compreendia 74% dos municípios. Pode não ser uma revolução. Sem dúvida que não se trata disso. Mas foi um avanço muito expressivo. Nossos municípios ainda apresentam desigualdades brutais, mesmo em municípios com alto índice de desenvolvimento humano há desequilíbrios de renda. A educação ainda está muito longe de patamares mais desenvolvidos. E na saúde ainda é um desafio tão imenso quanto o território nacional. Mas é notável que além do crescimento significativo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro houve uma série de políticas que contribuíram para esse avanço. O combate à pobreza e à miséria, o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, PAC Saneamento, maiores aportes na educação através do Fundeb, acesso à escola, acesso ao ensino superior, ampliação do ensino técnico, investimentos dos municípios na educação infantil, acompanhamento da saúde no pré-natal e na primeira infância, atenção básica e estratégias de saúde da família, tudo isso e mais explicam os avanços. Contudo, ainda há muita concentração e desigualdade, não só de renda. Há concentração de equipamentos nas áreas de saúde e educação em cidades-polo e regiões metropolitanas. Isso ainda é uma realidade muito forte na relação entre São Paulo e região Sudeste e o restante do Brasil. Acontece também dentro de cada Estado, entre diferentes regiões dentro de diferentes estados. No nosso RS, nessas áreas, ainda temos “centros” de alta concentração de saúde e educação em Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria. Precisamos de múltiplos centros em todas as regiões, para que se crie uma rede de desenvolvimento humano mais equilibrado e sustentável ao longo do tempo. Também devemos observar com atenção os 10 municípios mais bem colocados no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico do RS (IDESE/2011-2012): Carlos Barbosa, Aratiba, Nova Bassano, Nova Bréscia, Nova Araçá, Garibaldi, Vila Maria, Veranópolis, Westfalia e Ivoti. Nós, certamente, teremos muito a aprender com eles. Artigo publicado na edição desta sexta-feira, dia 19 de junho de 2015, do JG - Jornal de Gramado (Grupo Editorial Sinos), p. 4. *Julio Dorneles é especialista em administração pública e consultor.

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