sábado, 29 de janeiro de 2011

Fatos, evidências e provas, sem retórica

A propósito das mais recentes mortes de peixes no Sinos

Em novembro e dezembro de 2010, recentemente, tivemos novas mortes de peixes no Rio dos Sinos e no Arroio Müller (Taquara, Paranhanha). Imediatamente a Secretaria do Meio Ambiente de Novo Hamburgo, a Comusa, o Semae (São Leopoldo) e o Pró-Sinos reuniram análises e laudos consistentes e irrefutáveis que foram expostos na coletiva concedida pelos prefeitos consorciados ao Pró-Sinos em 10 de dezembro de 2010, na sede da entidade.

Segundo as análises técnicas, os prefeitos foram incisivos em afirmar que as mortes foram causadas por carga química despejada irregularmente no Rio dos Sinos. MP, Fepam e Polícia Civil, num primeiro momento, insistiram que as mortes foram causadas pela “grande carga de esgoto doméstico sem tratamento lançada no rio todos os dias”. Com algumas variações posteriores, os três órgãos foram mudando esta tese, pois ainda que seja um fato o impacto do esgoto doméstico no Sinos, este não foi a causa que levou a novas ocorrências de mortes de peixes.

Passados mais de dois meses da primeira recorrência de mortes de peixes, MP, Fepam e Polícia Civil parecem ter entendido que os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Novo Hamburgo e do Consórcio Pró-Sinos tinham razão em seus laudos e na tese sustentada pelos prefeitos. Para tanto, basta verificar as últimas ações dos órgãos envolvidos no Paranhana (mais precisamente em Taquara) e em Estância Velha, fatos amplamente divulgados pela mídia em geral, TV, rádios e jornais de circulação estadual, regional e local.

Senão vejamos:

• - laudo conclusivo elaborado por técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Novo Hamburgo apontou a presença de quantidade 14 vezes maior que a normal de manganês (químico) nos peixes analisados (resultantes das mortes ocorridas em 1º de dezembro). E que essa presença de manganês indicava produto agro-químico (fungicida), possivelmente de lavoura de arroz no município de Sapiranga.

• - no arroio Müller, com ação no dia das mortes dos peixes por equipe do Pró-Sinos e Secretaria do Meio Ambiente de Novo Hamburgo, com acompanhamento da PATRAM/BM/Taquara, foi constatado que a origem dos efluentes causadores das mortes era o chorume procedente da lagoa de tratamento de efluentes químicos da Usina de Tratamento de Resíduos industriais! Os órgãos que insistiam na questão do esgoto doméstico foram informados e atuaram em seguida.

• - nesta semana que passou, os três órgãos foram a Estância Velha, atuando em curtumes: cromo (químico) estaria escorrendo para o esgoto pluvial e deste para o arroio Estância Velha, afluente do Rio dos Sinos.

Como se diz, também em relação ao convencimento, antes tarde do que nunca!

Todos temos ciência do impacto causado pelo esgoto doméstico sem tratamento no Sinos, tanto que o Consórcio Pró-Sinos e os municípios que o integram, sob a liderança do prefeito Ary Vanazzi (São Leopoldo), aprovaram mais de 700 milhões de recursos junto ao governo federal para obras e serviços de saneamento. Essa luta é árdua e longa, mas nós não a perderemos.



Julio Dorneles

Professor especialista em administração pública

Diretor executivo do Pró-Sinos

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